Simplicidade

"Sintaxe à vontade"

17:59

A morte em vida

Sentimento simplificado por Caribé |

Nós somos capazes de criar coisas,
se apaixonar por elas, crer de todo coração que é real
e se frustar quando tudo se torna inverdade
capazes de se entregar ao desconhecido
enfeitamos nossas carapaças
para fazer de nos algo a ser julgado
buscamos a imortalidade e nos deparamos com a morte em vida
aquela dos olhos vazios
esperamos a verdade mas trazemos do berço a falsidade
de fingir o choro para ganhar o que se quer
e quando chora de verdade
a lagrima ja sai seca e sem vontade de sair
pq foi gasta inadequadamente
e percebemos que amamos quando a tal coisa amada esta la na frente
em outro rumo, contrário aos seus passos.
e a gente ri, dança, dança e ri, dança, ri e ri e ri
e quando ta feliz, fica parado e chora
mas a lágrima...é tão...pesada.
e tem o anseio pela pena, disfarçada de compaixão,
de respeito.
respeito a alguem que nem a si se dá
a si se vende, de si enjoa
e tenta mudar, copiar dos livros, imitar dos filmes, se adequar aos outros.
personagens que vivem a nossa volta e são suficientemente abstratos, sem vida
sem morte, sem graça, invisíveis.
homem primitivo, que sem receber reclama
que ao dar espera a troca e o lucro.
sente vergonha de si mesmo e do outro,
e ri daqueles que nao hajam conforme tuas leis por outro criadas
seus padrões por outros estabelecidos,
sua beleza por outros inventada.
mas tem a chuva, o sol, os passarinhos que cantarolam alegremente
tem o balé, a ópera, a praia, o mar
o por do sol, o nascer do sol, a dança do sol, o rodopio do sol
o girassol, a lua cheia, nova, vazia, velha.
tem toda essa beleza fajuta dos sacos plásticos voando em redemoinho
e a gente finje que ta tudo bem, que é tudo lindo,
e fica puto com toda a violência, com os terremotos, com Deus,
com Jesus, com os apóstolos, com Judas, com Hitler, com os teletubbies.
mas a gente só assiste, assiste tudo,
só platéia na arquibancada, dando pipoca aos macacos que somos
macacos pelados, que roubam a pele do urso, do tigre
o couro da cobra, o rabo do rato, a pata da barata, o dente do elefante,
a bunda do bitú,
e se sente o máximo fantasiados de palhaços de ternos
agradando sei lá quem com sei lá o que.
tristes são os velhos, que tão perto da morte
percebem o quão grandiosa a vida é
e o quão insignifantes foram perantes essa beleza
que passou tão de repente
por olhos que só sabiam olhar para dentro de si mesmos
triste deve ser Deus, por criar algo tão prejudicial a si mesmo, e para tudo a sua volta.
dizem que Deus nao erra, mas pra mim, e somente pra mim,
Ele cometeu o maior erro de todos
E este aqui, que vos escreve (ou escreve apenas para si mesmo)
é a bilionésima sexta parte desse erro.

18:39

o ultimo perdão

Sentimento simplificado por Caribé |

Quando o semblante é tao bem mais cobiçado
e o coração tao completamente deixado de lado
e por debaixo da poeira de pele morta
maquiando nosso rosto, com suas imperfeições
estão nossa angústias mais profundas
e nossos medos que mais nos agridem
tem quando deixamos nossas luvas secando no varal
e nossas mascaras sendo pisotiadas no chão da avenida
mas ao fim de todo carnaval, la estao nossas condutas sóbrias
onde sobram confusões e faltam coragem
de ser o que nao manda o figurino e que obedece o figurante
por debaixo daquelas roupas bem passadas
camisas bem abotoadas, e sapatos engraxados
e o pó de pele sob a roupa
esconde a sujeira interna que o suor tenta purificar
mas toda aquela atmosfera pesada
sem vento, sem chuva sem nada
deixa td parado intopindo os poros
e mesmo assim, vamos levando
e quando descobrimos o quanto escrotos e sujos fomos
ja nos restam, o que? um pouco mais de 3 horas de vida...
é quando pedimos perdão, do fundo do coração
mas tememos ser tarde demais...

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